O programa Erasmus+, apoiado pela União Europeia, tem como objetivo promover o desenvolvimento educativo, profissional e pessoal dos participantes, em toda a Europa e não só. No âmbito da educação de adultos, o programa visa reforçar a resiliência socioeconómica de adultos em situações desafiantes, através da melhoria de competências como línguas, literacia, numeracia e competências digitais, promovendo uma maior autonomia entre os grupos mais vulneráveis.

A educação de adultos distingue-se dos outros setores do Erasmus+ (como o ensino primário e secundário, o ensino superior e o EFP) por ser providenciada por uma grande diversidade de organizações e por envolver tanto profissionais como voluntários no apoio a adultos no seu processo de aprendizagem. Além disso, muitos países da UE não possuem estratégias nacionais de educação de adultos, e o público-alvo acaba por ser muito diversificado e incluir pessoas com baixos níveis de escolaridade, poucas competências digitais, origens migrantes, situação de deficiência ou idade avançada.

Dado que ainda pouco se conhecia sobre o impacto do Erasmus+ neste setor, foi criada a rede transnacional RIA-AE (Research-based Impact Analysis of Erasmus+ Adult Education Programmes) para coordenar a investigação sobre os efeitos da cooperação internacional e dos projetos de mobilidade em educação de adultos e, assim, melhorar o desenvolvimento e a qualidade do programa Erasmus+.

A rede RIA-AE foi estabelecida em 2022 por 8 Agências Nacionais, sob a coordenação da Agência Nacional no BIBB (DE02). A rede cresceu significativamente desde a sua criação e envolve atualmente 20 países: Áustria, Bélgica, Croácia, Chéquia, Estónia, Finlândia, França, Alemanha, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Países Baixos, Polónia, Portugal, Roménia, Eslováquia, Eslovénia, Espanha e Turquia. Um consórcio internacional é, em cooperação com a AN no BIBB, responsável pela coordenação transnacional da investigação: Ockham IPS (líder do projeto), Institut für Innovation und Technik (iit) artéduc/Universidade de Bruxelas.

A RIA-AE Network desenvolve o primeiro estudo de monitorização dedicado à avaliação do impacto do Erasmus+ nas organizações com projetos KA1 (mobilidade) e KA2 (cooperação e inovação). O estudo analisa os benefícios e mudanças resultantes da participação no programa — a nível pessoal, organizacional e profissional — e avalia até que ponto os objetivos da Comissão Europeia (inclusão, transformação digital, sustentabilidade e participação democrática) foram alcançados.

Baseado num modelo multinível (macro, meso e micro), o estudo procura fornecer às Agências Nacionais informação sobre o impacto do programa nas instituições, equipa técnica e adultos e formação, bem como nos seus contextos de vida e resiliência socioeconómica.

A abordagem metodológica do estudo português inclui análise documental, um inquérito e estudos de caso com entrevistas, organizados em cinco módulos:

Módulo 1 – Análise de dados disponíveis no site da União Europeia sobre projetos financiados e estudos existentes envolvendo organizações portuguesas no Erasmus+.

Módulo 2 – Inquérito online a organizações financiadas pelo Erasmus+ entre 2018 e 2022, realizado em outubro e novembro de 2023, centrando-se na caracterização das organizações, no impacto do financiamento e nos obstáculos na candidatura e implementação de projetos.

Módulo 3 – Estudos de caso de projetos relevantes, com entrevistas individuais e, em alguns casos, em grupo, a diretores, coordenadores, profissionais, voluntários e, quando aplicável, adultos em formação. Inclui também análise documental de websites, relatórios e candidaturas ao Erasmus+.

Módulo 4 – Entrevistas individuais a adultos em formação que participaram nos projetos identificados no Módulo 3.

Módulo 5 – Entrevistas individuais a representantes de organizações que nunca participaram em projetos Erasmus+.

O estudo permite analisar o impacto do programa a níveis organizacional, profissional e individual, identificando fatores de sucesso e desafios enfrentados pelas organizações e formandos.